terça-feira, 16 de março de 2021

"Ellas" foi o nosso "Destiny's Child"? Os 20 anos do grupo Ellas e seu debut "Eterna Graça"

2021 vem sendo um ano histórico e marcante em vários motivos, infelizmente bem ruins em sua maioria. Mas é um ano em que vários lançamentos icônicos fazem aniversário. Um deles será o da criação do grupo Ellas. Em Agosto de 2001 era lançado no Brasil o primeiro álbum do grupo: "Eterna Graça".

Em tempos do grande sucesso do Voices que surpreendeu por encontrar público que consumisse música evangélica nacional mais voltada pro Pop, a MK Music apostou na criação de um trio com uma pegada ainda mais Pop e que tivesse arranjos inspirados no R&B e Urban. No mercado secular estavam explodindo grupos do mesmo formato. Tínhamos Fat Family, SNZ, KLB, Twister e por aí vai. Estilos diferentes, mas todos grupos vocais.

O Ellas chegava com uma proposta nova no mercado Gospel brasileiro. Um trio formado pelas irmãs Betânia Lima, Valéria Lima e Roberta Lima. Elas já cantavam justas no Rhemajireh e estavam constantemente envolvidas nos bastidores de gravações de estúdio da gravadora atuando como backing vocals.

O debut do grupo veio com o álbum "Eterna Graça" que trouxe a ousada "ABC" como primeira música de trabalho. O som chamou muito a atenção do público jovem na época que nunca tinha escutado nada assim no Gospel nacional. Aquele estilo de vocais e batidas só era possível de ser encontrado ouvindo artistas como Mary Mary, Destiny's Child, Anointed ou Bebe & Cece Winans. Inclusive, até a capa do Eterna Graça lembra bastante a de um álbum das meninas de Beyoncé. MK sendo MK.

Outro hit foi "Vem Comigo". Uma coisa mais Britney bitch* de início de carreira mixado com vocais negros e bastante e desnecessário autotune. Assim como "ABC", essa faixa também ganha clipe e a atenção nas rádios cristãs do Brasil. Porém, mesmo chamando bastante atenção, o Ellas não chega a vender tanto quanto outros grupos Gospel nacionais. A cultura da música cristã por aqui sempre foi a de consumir aquilo que dá pra cantar na igreja. Se não dá pra cantar no grupo de jovens, não vende play-back e não vende tanto CD assim. No início dos anos 2000 a vendagem de mídia física ainda era bastante expressiva.

Ainda destaco as faixas "Sempre Ao Amanhecer" que é super gostosinha de ouvir e aparece na intro do clipe "ABC". Inclusive, o grupo usou também a faixa "Vida" no clipe na cena da boate. Lembram da polêmica que foi ter uma boate e pessoas bebendo num clipe gospel por aqui? Tudo no contexto evangelístico, claro! "Um Coração" e "Eterna Graça" são as pérolas do disco. Vocais incríveis, potentes e aquela pegada mais "congregacional".

Se você conhece, vale a pena relembrar e ouvir novamente esse álbum. Se não conhece, vale muito a pena conhecer e ver como a MK (leia: Marina de Oliveira) sempre tentou e foi pioneira em muita coisa na nossa terrinha. Fico por aqui e até a próxima! (:

quarta-feira, 10 de março de 2021

30 anos de "Heart In Motion"

Após o estrondoso sucesso de Lead Me On, entrando para a história com sua faixa homônima ganhando o título de "música cristã do século", em 5 de Março de 1991 era lançado o 9º álbum de estúdio de Amy Grant, o Heart In Motion. Considerado o trabalho mais mainstream da Rainha do Pop Cristão atingindo a 10ª posição do Billboard 200.

Gravado após um hiato de 3 anos durante a sua segunda gestação, Amy além de dar a luz a seu segundo filho com Gary Chapman (Millie), também concebe o seu maior hit: "Baby, Baby". Escolhido como primeiro single, a faixa chega a alcançar a 2ª posição nos charts de música pop no Reino Unido e ficar em 1º lugar por 8 semanas consecutivas nos Estados Unidos. Recebe uma indicação ao Grammy e chega a performar no evento com direito a participação de sua filha que corre para seus braços durante a performance. Inclusive a música é sobre sua filha e o título do disco saiu de um trecho de Baby, Baby. Em 2014 a faixa volta a aparecer nos charts, dessa vez na categoria "Dance Club Songs" com o lançamento do seu remix. Em 2016 ela faz uma nova releitura do hit e convida Tori Kelly para se juntar a ela na regravação. 

O segundo single escolhido é meu favorito. Amo a estética do clipe e acho a faixa a mais animada do disco. "Every Heartbeat" chega a 2º no Hot 100 da Billboard e segura muito bem o sucesso do álbum. É por causa do vídeo dessa música que Whoppi Goldberg comenta na premiação do Grammy que Amy fez todos "acharem sexy ir a lavanderia". No clipe um casal flerta durante a lavagem de roupa suja. Inclusive um fato curioso é que poucas faixas desse trabalho são abertamente cristãs, o que fez com que Amy ganhasse maior reconhecimento entre o público.

O terceiro single rendeu várias polêmicas no meio dos crentes. Após dois clipes mostrando a queridinha que o público cristão viu crescer com relevância desde os anos 70 flertando com homens e sendo desejada nos clipes, não demorou muito para começarem as teorias Illuminati. Se vocês acham que só astros como Madonna e Lady Gaga são acusadas de terem pacto com o chifrudinho, tá aqui um exemplo de um artista pop cristão que sofreu vários ataques e até boicotes por seu posicionamento e referências em seus videos. No clipe de "That's What Love Is For", Amy é acusada de promover um ritual satânico e adorar a deuses pagãos. Existem vários vídeos explicando as inúmeras teorias sobre. Eu apenas dou risada com a viagem dos crentes.

Uma faixa que merece destaque é "Ask Me", onde Amy conta a história de uma amiga que sofreu abusos durante sua infância e de como ela lidou com o trauma. Ela questiona onde estava Deus no meio de toda aquela dor, mas encontra em sua própria fé a força para se reerguer e superar. Vale ressaltar que ela fala abertamente sobre abuso familiar em um disco Pop Cristão dos anos 90.

"Hats" ganhou mais a minha admiração após alguns anos. Sempre curti a música, mas ela ganha um novo significado hoje que entendo inglês. A gente vê uma Amy que sente falta de se divertir e que questiona quem deveria ser, o que deveria usar e a quem deveria agradar com tudo. O talento maior dessa mulher sempre foi falar dela mesma com maestria!

"You're Noy Alone" talvez seja a faixa com a maior vibe cristã do álbum. Tem aquela letra bem evangélica de que você tá sofrendo, mas tem alguém que pode te ajudar. Ainda assim ela é um pop rock delicioso e deixa aberta a interpretação de onde essa ajuda vem. Como disse, é o disco "menos cristão" da carreira dela e os números mostram isso.

Heart In Motion vendeu 5 milhões de cópias só nos Estados Unidos. Dessas 5 milhões, 3 milhões e meio de cópias só no mercado secular. Isso o torna um clássico e a faz ser reconhecida definitivamente pelo mercado. Você pode até nunca ter ouvido falar de Amy Grant, mas já deve ter ouvido uma música dela em algum filme, regravada por algum artista que gosta ou até mesmo sendo citada por alguma drag em RuPaul Drag Race. Recentemente até em seu podcast, Alaska mencionou Amy. Fato é que ela é a Rainha do Pop Cristão e está para o gênero na mesma proporção que Madonna está para o Pop. Deal with it, bitc**s!

Deu vontade de conferir esse clássico? Aproveita que ele tá disponível no streaming e garanta seus 30 dias GRÁTIS de Amazon Music Unlimited clicando aquiTem toda a discografia da Amy Grant e muito mais. São mais de 70 milhões de músicas no catálogo.