quinta-feira, 5 de agosto de 2021

TBT Musical: "Milagro (2003)" - Jaci Velasquez

Tô trazendo o "TBT Musical" pro blog 😉. Apesar de já ter feito várias sequências de stories no Instagram falando um pouco sobre cada álbum da Jaci Velasquez, resolvi dar continuidade por aqui. Pode ser que volte a falar dos anteriores em outros momentos. Mas aqui fica o registro para outros lerem quando quiserem.

Milagro foi o terceiro álbum da Jaci direcionado ao mercado latino. Lançado em 1º de Abril de 2003, é considerado o seu trabalho mais "secular" de todos. Ainda assim, ganhou na categoria "Best Christian Album" no Billboard Latin Music Awards. Recebeu uma indicação na categoria "Best Female Pop Album" no Grammy Latino concorrendo com Paulina Rubio. A título de curiosidade, naquela mesma noite Aline Barros levou o seu primeiro Grammy Latino na categoria "Álbum Cristão do Ano (Língua Portuguesa)" com o Fruto de Amor.

Uma das coisas mais marcantes da "Era Milagro" foi o início da carreira de Jaci como atriz em uma comédia latina romântica dos estúdios Fox estrelando Sofia Vergara, Roselyn Sanchez e Eduardo Verastegui. Jaci fez o divertido papel de Patrícia Oldonez Coronado del Pescador (quem lembra?). Ela ainda participou trilha sonora com a canção "I Don't Need A Man" que ganha uma versão em espanhol para seu álbum solo. O filme "Chasing Papi" foi lançado também em Abril de 2003 e rendeu muitas críticas negativas para Jaci. Criticada não por sua atuação, mas por estar em uma narrativa "não cristã" nos cinemas em uma história onde sua personagem descobre que o namorado a trai com outras duas mulheres de cidades diferentes e juntas brigam pelo mesmo homem. Não vou dar spoiler, mas a jornada das personagens é divertida e tem um final interessante.

O disco trás ainda versões em espanhol de "Just A Prayer Away" e "Where I Belong" de álbuns anteriores, além de uma versão em espanhol de um dos hits de Gloria Stefan: "Can't Take Away From You". As composições de nomes de peso do mercado fonográfico como Emilio Stefan Jr, Rudy Perez e Abel Orta somadas a distribuição da Sony Discos não foram suficientes para levar o Milagro ao topo. Estranhamente ele foi o álbum em espanhol com menos repercussão da carreira de Jaci. Talvez a rejeição do público cristão tenha ocorrido devido ao filme. Ironicamente este álbum também não teve muita força no meio secular, tendo em vista que o seu debut no mercado latino (Llegar A Ti) recebeu indicação ao Grammy Latino em 2000 e viralizou naquela época em que não existia o termo "viral".

Milagro não é meu favorito, mas nem de longe é um dos piores da Jaci. Ainda assim é um disco maravilhoso e que entrega o que prometeu. Injustiçado e vítima do ódio cristão, sim!

terça-feira, 13 de julho de 2021

Correios será privatizado. O fim de uma era 😢


No dia 07 de Julho de 2021, quando saiu a notícia oficial que os Correios serão privatizados (ou seria "será privatizado"?) eu fui pego de surpresa e senti aquele soco no estômago, sabe? Sem entrar na questão política que a gente bem sabe que privatizações quase sempre favorecem apenas um dos lados, possuo ema memória afetiva muito forte com os Correios.

Foi em meados de 2000/2001 que ao ler uma revistinha em quadrinho do Mickey resolvi escrever para um clube de amizades postal. Nessa época você pode até me dizer que já tinha internet (ainda que discada) e que já esperava o final de semana pra ocupar o telefone de casa gastando só um pulso por conexão, mas eu não tinha isso. Era o papel, a caneta, um envelope e R$0,01. O custo de uma carta social era esse: UM CENTAVO. Era o preço para que qualquer um tivesse o direito de se comunicar.

Era legal esperar alguns dias pra receber notícias de gente nova. Era uma rotina levar as cartinhas já seladas e depositar naquelas caixas de coleta amarelas. Vocês já fizeram isso? E tinham os FBs (Friendship Books) que rodavam de mãos em mãos e voltavam pra você cheios de novos endereços pra novas amizades. Bem ... nem sempre eles voltavam, né? rs

Estou ouvindo uma playlist específica enquanto escrevo esse post. Uma criada a partir de CDs feitos para troca numa dessas amizades postais. Dei o nome de "Memórias Secretas". O fim dos Correios como o conhecemos já vinha sendo preparado. A precarização do serviço, falta de investimento e mão de obra. É projeto. Fico com minhas lembranças, memórias secretas e alguns selos que me sobraram para carta social. Qual sua relação com a empresa? Alguma história? Deixo aqui minha playlist para quem quiser e tiver curiosidade de ouvir:


segunda-feira, 7 de junho de 2021

Minha opinião sobre "DOM', nova série brasileira original do Prime Video


Se assim como eu, você nunca ouviu falar em Pedro Dom porque no início dos anos 2000 tava mais preocupado com a programação da TV Globinho, a nova produção nacional e série original da Amazon pode te surpreender. Baseada numa história real, DOM nos apresenta a Victor Dantas (Flávio Tolezani), seu filho Pedro (Gabriel Leone) e sua família.

O trailer me chamou bastante atenção de início por conta da produção e fotografia. Dei uma chance pra série e apesar de não ter curtido logo de início ela engata e prendeu minha atenção do episódio dois em diante. Há bastante tempo não maratonava algo. Ainda que tenha sido uma maratona em doses homeopáticas, vou chamar de maratona (risos). A trama trabalha muito bem os conflitos e paradoxos da relação entre pai e filho. Mérito das incríveis atuações do elenco que dá um show a parte. De um lado um cara que desde muito cedo viu o nascimento do tráfico e da milícia carioca, mas também desde cedo tentou combater estes dois inimigos que mais a frente acabam atingindo sua própria família. Mais especificamente através de seu filho Pedro, o outro lado dessa história.

Pedro tornou-se conhecido por assaltar mansões e apartamentos na Barra da Tijuca, Recreio e Zona Sul do Rio. Óbvio que fui curioso e joguei no Google pra ler mais sobre a real história e podemos dizer que a arte "amenizou" pro lado do Pedro mostrando sua parte frágil sem descartar parte do caráter do jovem de classe média carioca que teve muitas chances e oportunidades de escolher que rumo tomar, mas acabou decidindo seguir os piores caminhos na vida.

Não pretendo dar spoiler aqui. DOM está disponível no Prime Video e se você ainda não possui assinatura pode testar GRÁTIS por 30 dias clicando aqui e se cadastrando no serviço. Além de acesso a séries e filmes você ainda tem o Prime Music, Prime Reading e frete grátis para compras na Amazon. Além de descontos e ofertas especiais como o Prime Day que vai rolar nos dias 21 e 22 deste mês! Aproveita e depois comenta aqui o que achou de DOM! :)

quarta-feira, 2 de junho de 2021

"Os Nazarenos": os Mamonas do Gospel brasileiro?

Se você foi uma criança, adolescente ou jovem evangélico nos anos 90 e comecinho dos anos 2000 você com certeza lembra dos Nazarenos. O cenário da música cristã brasileira sempre teve grandes influências na música Gospel e Pop dos EUA, mas em alguns raros e poucos casos temos influências nacionais. Esse foi o caso da banda de Rock Cristão Os Nazarenos, nascida em 1998 em Itaguaí/RJ.

Formada por Gustavo Legal (vocais e guitarra), Xandeco Dicáprio (baixos), John Snake (baterista) e Dudu Besourão (teclados), não precisamos de muito para facilmente associar a imagem deles com os Mamonas Assassinas, grande fenômeno musical brasileiro dos anos 90. Mas calma que esses obviamente não são os nomes reais deles! Segundo eles, a ideia de associá-los aos Mamonas partiu de Ronaldo Barros (pai de Aline Barros). Ronaldo apadrinhou a banda e os lançou pela gravadora AB Records. A identidade visual do álbum debute é escrachada e nitidamente feita com o propósito de fazermos esta associação. Nem vou mencionar a identidade sonora (existe esse termo?). Você PRE-CI-SA ouvir!

Mas a irreverência dos meninos não fica só em seus nomes rebatizados. Suas músicas misturam rock, ska, xote, samba e muita comédia entre locuções e historinhas bem familiares a cultura cristã/pentecostal do Brasil. É o crente rindo dele mesmo. Seu primeiro álbum recebeu o título de "Curtindo O Maior Barato". Vocês têm noção do que foi ter um título CRISTÃO no Brasil de 1999 com esse nome? Não vemos mais tamanha ousadia na música. Hoje parece que tudo gira em torno de worship ou pentecostal. Salvas poucas exceções.

Após saída da AB Records parece que a patroa deteve o nome da banda e os meninos mudaram e passaram a se chamar Os Nazaritos. Veio o segundo trabalho, "O Barato Continua" e com ele mais músicas icônicas. Em 2001 a banda chegou a se apresentar no Rock In Rio. Difícil não lembrar de "Amor", "Pedro, Tiago e João no Barquinho", "Jesus Love Me Tender" e a minha preferida (especialmente pelo título): "Eu Sou Uma Florzinha Cheirosa do Bosque de Jesus Cristo de Nazaré".

Em 2017 eles retornaram com o EP "O Emergente" trazendo inéditas e versões repaginadas de "Jesus Edmais" e "Beleléu". Naquele ano vivíamos uma situação crítica de polarização política onde a igreja teve uma parcela de culpa. A faixa que dá título ao EP fala um pouco sobre esse emergente e critica certos cristãos que gastam com bota de couro de cobra python, mas dizem ser em nome de Deus. Em um trecho da faixa eles dizem: "O emergente reclamando da corrupção, mas faz esquema injetando grana na eleição. O emergente esqueceu que veio da favela, agora come caviar e arrota mortadela." Como não amar?

Não consegui encontrar nenhuma conta atual da banda ou do Gustavo Legal além das já disponíveis. Se quiser ouvir qualquer um dos três álbuns tem disponível no canal oficial da banda no YouTube. Eu recomendo! Curtiu recordar? Já conhecia os meninos? Curtiu conhecer? Compartilha com os amigos! Comenta aí!

terça-feira, 16 de março de 2021

"Ellas" foi o nosso "Destiny's Child"? Os 20 anos do grupo Ellas e seu debut "Eterna Graça"

2021 vem sendo um ano histórico e marcante em vários motivos, infelizmente bem ruins em sua maioria. Mas é um ano em que vários lançamentos icônicos fazem aniversário. Um deles será o da criação do grupo Ellas. Em Agosto de 2001 era lançado no Brasil o primeiro álbum do grupo: "Eterna Graça".

Em tempos do grande sucesso do Voices que surpreendeu por encontrar público que consumisse música evangélica nacional mais voltada pro Pop, a MK Music apostou na criação de um trio com uma pegada ainda mais Pop e que tivesse arranjos inspirados no R&B e Urban. No mercado secular estavam explodindo grupos do mesmo formato. Tínhamos Fat Family, SNZ, KLB, Twister e por aí vai. Estilos diferentes, mas todos grupos vocais.

O Ellas chegava com uma proposta nova no mercado Gospel brasileiro. Um trio formado pelas irmãs Betânia Lima, Valéria Lima e Roberta Lima. Elas já cantavam justas no Rhemajireh e estavam constantemente envolvidas nos bastidores de gravações de estúdio da gravadora atuando como backing vocals.

O debut do grupo veio com o álbum "Eterna Graça" que trouxe a ousada "ABC" como primeira música de trabalho. O som chamou muito a atenção do público jovem na época que nunca tinha escutado nada assim no Gospel nacional. Aquele estilo de vocais e batidas só era possível de ser encontrado ouvindo artistas como Mary Mary, Destiny's Child, Anointed ou Bebe & Cece Winans. Inclusive, até a capa do Eterna Graça lembra bastante a de um álbum das meninas de Beyoncé. MK sendo MK.

Outro hit foi "Vem Comigo". Uma coisa mais Britney bitch* de início de carreira mixado com vocais negros e bastante e desnecessário autotune. Assim como "ABC", essa faixa também ganha clipe e a atenção nas rádios cristãs do Brasil. Porém, mesmo chamando bastante atenção, o Ellas não chega a vender tanto quanto outros grupos Gospel nacionais. A cultura da música cristã por aqui sempre foi a de consumir aquilo que dá pra cantar na igreja. Se não dá pra cantar no grupo de jovens, não vende play-back e não vende tanto CD assim. No início dos anos 2000 a vendagem de mídia física ainda era bastante expressiva.

Ainda destaco as faixas "Sempre Ao Amanhecer" que é super gostosinha de ouvir e aparece na intro do clipe "ABC". Inclusive, o grupo usou também a faixa "Vida" no clipe na cena da boate. Lembram da polêmica que foi ter uma boate e pessoas bebendo num clipe gospel por aqui? Tudo no contexto evangelístico, claro! "Um Coração" e "Eterna Graça" são as pérolas do disco. Vocais incríveis, potentes e aquela pegada mais "congregacional".

Se você conhece, vale a pena relembrar e ouvir novamente esse álbum. Se não conhece, vale muito a pena conhecer e ver como a MK (leia: Marina de Oliveira) sempre tentou e foi pioneira em muita coisa na nossa terrinha. Fico por aqui e até a próxima! (:

quarta-feira, 10 de março de 2021

30 anos de "Heart In Motion"

Após o estrondoso sucesso de Lead Me On, entrando para a história com sua faixa homônima ganhando o título de "música cristã do século", em 5 de Março de 1991 era lançado o 9º álbum de estúdio de Amy Grant, o Heart In Motion. Considerado o trabalho mais mainstream da Rainha do Pop Cristão atingindo a 10ª posição do Billboard 200.

Gravado após um hiato de 3 anos durante a sua segunda gestação, Amy além de dar a luz a seu segundo filho com Gary Chapman (Millie), também concebe o seu maior hit: "Baby, Baby". Escolhido como primeiro single, a faixa chega a alcançar a 2ª posição nos charts de música pop no Reino Unido e ficar em 1º lugar por 8 semanas consecutivas nos Estados Unidos. Recebe uma indicação ao Grammy e chega a performar no evento com direito a participação de sua filha que corre para seus braços durante a performance. Inclusive a música é sobre sua filha e o título do disco saiu de um trecho de Baby, Baby. Em 2014 a faixa volta a aparecer nos charts, dessa vez na categoria "Dance Club Songs" com o lançamento do seu remix. Em 2016 ela faz uma nova releitura do hit e convida Tori Kelly para se juntar a ela na regravação. 

O segundo single escolhido é meu favorito. Amo a estética do clipe e acho a faixa a mais animada do disco. "Every Heartbeat" chega a 2º no Hot 100 da Billboard e segura muito bem o sucesso do álbum. É por causa do vídeo dessa música que Whoppi Goldberg comenta na premiação do Grammy que Amy fez todos "acharem sexy ir a lavanderia". No clipe um casal flerta durante a lavagem de roupa suja. Inclusive um fato curioso é que poucas faixas desse trabalho são abertamente cristãs, o que fez com que Amy ganhasse maior reconhecimento entre o público.

O terceiro single rendeu várias polêmicas no meio dos crentes. Após dois clipes mostrando a queridinha que o público cristão viu crescer com relevância desde os anos 70 flertando com homens e sendo desejada nos clipes, não demorou muito para começarem as teorias Illuminati. Se vocês acham que só astros como Madonna e Lady Gaga são acusadas de terem pacto com o chifrudinho, tá aqui um exemplo de um artista pop cristão que sofreu vários ataques e até boicotes por seu posicionamento e referências em seus videos. No clipe de "That's What Love Is For", Amy é acusada de promover um ritual satânico e adorar a deuses pagãos. Existem vários vídeos explicando as inúmeras teorias sobre. Eu apenas dou risada com a viagem dos crentes.

Uma faixa que merece destaque é "Ask Me", onde Amy conta a história de uma amiga que sofreu abusos durante sua infância e de como ela lidou com o trauma. Ela questiona onde estava Deus no meio de toda aquela dor, mas encontra em sua própria fé a força para se reerguer e superar. Vale ressaltar que ela fala abertamente sobre abuso familiar em um disco Pop Cristão dos anos 90.

"Hats" ganhou mais a minha admiração após alguns anos. Sempre curti a música, mas ela ganha um novo significado hoje que entendo inglês. A gente vê uma Amy que sente falta de se divertir e que questiona quem deveria ser, o que deveria usar e a quem deveria agradar com tudo. O talento maior dessa mulher sempre foi falar dela mesma com maestria!

"You're Noy Alone" talvez seja a faixa com a maior vibe cristã do álbum. Tem aquela letra bem evangélica de que você tá sofrendo, mas tem alguém que pode te ajudar. Ainda assim ela é um pop rock delicioso e deixa aberta a interpretação de onde essa ajuda vem. Como disse, é o disco "menos cristão" da carreira dela e os números mostram isso.

Heart In Motion vendeu 5 milhões de cópias só nos Estados Unidos. Dessas 5 milhões, 3 milhões e meio de cópias só no mercado secular. Isso o torna um clássico e a faz ser reconhecida definitivamente pelo mercado. Você pode até nunca ter ouvido falar de Amy Grant, mas já deve ter ouvido uma música dela em algum filme, regravada por algum artista que gosta ou até mesmo sendo citada por alguma drag em RuPaul Drag Race. Recentemente até em seu podcast, Alaska mencionou Amy. Fato é que ela é a Rainha do Pop Cristão e está para o gênero na mesma proporção que Madonna está para o Pop. Deal with it, bitc**s!

Deu vontade de conferir esse clássico? Aproveita que ele tá disponível no streaming e garanta seus 30 dias GRÁTIS de Amazon Music Unlimited clicando aquiTem toda a discografia da Amy Grant e muito mais. São mais de 70 milhões de músicas no catálogo.